Você sabe quais doenças podem prejudicar sua cognição?
O cérebro está em risco! Quem tem memória de elefante que atire a primeira pedra, pois, no mundo atual, quase todo mundo passa por fases em que tem dificuldade de lembrar informações ou mesmo em que esquece completamente de situações e acontecimentos de sua vida.
Apesar de preocupantes, nem sempre essas perdas de memória são doenças. No entanto, serve como alerta, pois podem demonstrar problemas cerebrais mais graves.
Existem diversos diagnósticos para os problemas de memória. Desde o Alzheimer, doença mais conhecida popularmente, entre outras menos conhecidas, como a demência por corpos de Lewy, demência fronto-temporal e causas secundárias, até mesmo aquelas com causas vasculares, endócrinas, infecciosas e até distúrbios de sono e depressão.
É preciso ressaltar que apesar da perda de memória atingir majoritariamente os idosos, eles não são os únicos que podem sofrer com esse mal, conforme explica o neurologista Renato Anghinah:
“Os distúrbios de memória não atingem somente as pessoas idosas. Eles podem aparecer em pessoas que sofreram algum acidente ou trauma. Também, com a vida agitada, muitos jovens apresentam problemas na memória por conta de estresse, depressão, problemas metabólicos, sem contar o histórico genético. Quanto antes for detectado a qualquer alteração, maiores são as chances de interagir com a equipe médica e otimizar os resultados das ações e tratamentos propostos”.
Como Existem várias formas de apresentação dos distúrbios da memória, é preciso estar atento a mudanças e procurar um médico para um diagnóstico preciso e tratamento específico.
Sinais de alerta
Alerta alto
- Lapsos de memória muito frequente
- Falhas de memória que afetam a vida diária (esquece compromissos, perde objetos, esquece de pagar contas)
- Cansaço e falta de vontade/motivação
- Situação de estresse permanente
- Limite baixo para o estresse com irritabilidade
- Ansiedade permanente
- Quadros confuso, alterações de memória e outras funções cognitiva (cálculo, linguagem, dificuldades para realizar tarefas e/ou tomar decisões)
Alerta moderado
- Dificuldade de aprendizado
- Lapsos de memória frequentes
- Falhas de memória que afetam compromissos
- Demora para recordar onde colocou algum objeto
- Cansaço aparentemente não justificado
- Situação de estresse frequente
- Limite baixo para o estresse
- Ansiedade frequente
- Falta de concentração
- Dificuldade para memorizar conteúdo de textos ou vídeos;
Alerta baixo
- Lapsos de memória pontuais
- Perdas de memória enquanto estiver com sobrecarga de trabalho, estresse pontual, cansaço justificado ou gripes e resfriados
Pop up mental
Você já teve alguma memória antiga que surgiu de repente, sem causa aparente? Esse tipo de lembrança não acontece com todo mundo, mas é bastante comum. Geralmente, surgem durante uma tarefa rotineira ou quando a pessoa está com atenção difusa. No entanto, um estudo feito em 2003 revelou que essas memórias não aparecem do nada: elas podem ter origem em gatilhos recentes, que escaparam a atenção..
Fonte: Out of one’s mind: A study of involuntary semantic memories. Lia Kvavilashuili, George Mandler. 2003.
O que é demência
A maioria das doenças que promovem a perda de memória está categorizada como demência. Apesar desse nome ser frequentemente ligado à loucura, os dois termos não possuem conexão. Demência é a palavra usada na medicina para designar um processo neurológico, crônico e progressivo marcado pela perda das funções cognitivas, entre elas a memória. Para ser categorizada como demência essa perda tem que ser em intensidade suficiente para atrapalhar a qualidade de vida diária.
Alzheimer
Doença mais conhecida da as que causam a perda de memória, o Alzheimer afeta cerca de 35,6 milhões de pessoas no mundo e cerca de 1,2 milhão no Brasil. Entre os principais sintomas estão a perda de funções cognitivas, como a memória, orientação, atenção e linguagem. O Alzheimer costuma surgir em pacientes acima de 65 anos. Geneticamente, há indícios que a doença apareça mais em mulheres do que homens e que a uma certa hereditariedade envolvida – cerca de 10% dos casos. Corresponde a 60% dos casos gerais de demência e costuma apresentar como sintomas iniciais perda de memórias episódicas e dificuldade de aquisição de novas habilidades.
Amnésia Global Transitória
Caracterizada como um esquecimento temporário, costuma atingir pessoas acima de 50 anos e ser causada por problemas emocionais, estresse ou esforço físico. “Não é fator desencadeante de outras doenças, mas precisa de acompanhamento especializado e rápido, já que fatores de perda de memória podem também estar associados a transtornos variados. O tempo de Diagnóstico para descartar outras doenças mais graves faz toda a diferença”, explica Anghinah. Essa perda de memória costuma acontecer apenas uma vez e pode durar de uma a 24 horas, com o restabelecimento das atividades normais após esse período. Geralmente, pacientes que estejam passando por um episódio de Amnésia Global Transitória costumam perder a orientação temporal e espacial – ou seja, não sabem onde estão e o que estão fazendo. Também costumam fazer perguntas repetitivas, por não conseguirem se lembrar das respostas.
Demência vaculares
Trata-se por vascular os assuntos relacionados às veias e artérias. No caso das demências, elas são as segundas maiores causadoras da doença e podem estar relacionadas a diversos quadros, como o Acidente Vascular Cerebral. Normalmente, esses pacientes costumam ter outras funções cognitivas afetadas em um primeiro momento, como a comunicação. Porém, o comprometimento da memória também está entre as possíveis complicações de um quadro de demência vascular.
Demência por corpúsculos de Lewy
Correspondente a 20% dos casos de pacientes com demência, essa doença apresenta um declínio cognitivo flutuante, alucinações visuais e dificuldades motoras chamadas de sintomas extrapiramidais. O quadro de demência costuma ter início rápido e piora progressiva. A doença recebe esse nome devido aos corpúsculos de Lewy (também chamados de corpos de Lewy), que podem ser encontrados dentro das células do córtex cerebral e tronco cerebral dos pacientes.
A perda de memória não é tão intensa quanto na Doença de Alzheimer, por exemplo, mas conforme a doença evolui essa diferença pode não ser tão Clara.
Demência frontotemporal
Essa doença apresenta uma alteração neuropsicológica que causa a disfunção dos lobos frontais e temporais, marcadas pela atrofia dessas estruturas, que pode ser revelada em exames de neuroimagem. Apesar de haver a perda de memória e alterações na orientação, são as mudanças comportamentais que mais prejudicam esse paciente. Elas costumam acontecer na conduta social, desinibição, distraibilidade, impulsividade, perda da crítica e falta de persistência. Os pacientes também podem apresentar quadros de ansiedade, depressão e violência.
Depressão
A depressão pode ser um fator que causa bastante confusão no diagnóstico de demência. Muitas vezes, ela pode estar combinada com outra doença. Entre os sintomas de depressão estão lentidão psíquica, irritabilidade, apatia, mudanças no comportamento, dificuldades de concentração e perda de memória. No entanto a depressão é tratável e pode ser revertida com tratamento adequado.
Complexo AIDS – demência
Uma das complicações mais comuns da síndrome de imunodeficiência adquirida é o complexo AIDS- demência, que causa prejuízo da memória verbal, perda das funções cognitivas, distúrbios de comportamento, dificuldade de concentração, entre outros sintomas. Porém, ele só costuma acontecer em pacientes que estejam em estágios avançados da doença pego com o sistema imunológico bastante comprometido.
Alcoolismo
É comum esquecer uma noitada depois de beber muito álcool. Nesse caso, o problema se dá no Sistema Nervoso Central, que deleta a memória do cérebro quando está sob ação intensa de bebida. Porém, quando o problema é alcoolismo, as perdas de memória podem se tornar muito mais graves, devido às consequências do uso abusivo e prolongado. Ele pode causar algumas situações como o hematoma subdural crônico por traumatismo craniano e degeneração hepatocerebral por cirrose hepática. Esses pacientes costumam apresentar baixo desempenho cognitivo, disfunções comportamentais e déficits de memória, causadas por um tipo de atrofia cerebral.
A memória nos ajuda a sobreviver
Ter um cérebro com grande capacidade de armazenamento ajudou – e muito – na evolução da espécie humana, como explica o médico Marcelo Katayama: “esses eventos marcantes ficam registrados na memória, assim como seus respectivos significados atribuídos. Tudo isso faz parte do nosso mecanismo de sobrevivência: ao reagirmos de forma rápida a estímulos que parecem nocivos vamos ampliando a nossa capacidade de sobreviver. E essa resposta – cada vez mais rápida – só é possível por causa da memória.
Referência: Revista Mistérios da Memória nº1
